Como viajo todos os dias de
motocicleta ( aproximadamente 100 km p/dia), a saber: casa (Viamão) até o
Centro (Faculdade-IFRS), depois ao trabalho (Jd. Leopoldina, quase Alvorada), e
depois novamente para casa (Viamão),
sou um grande observador do trânsito e suas circunstâncias. Visto da
perspectiva da motocicleta, nível do solo, os detalhes saltam aos olhos.
Pode-se ver a “vida do trânsito”; as relações humanas. Carinho, às vezes
carícias! Discussões, conflitos, brigas...etc.
Esta semana chamou-me a atenção
uma caroneira de uma outra motocicleta. Não soube definir se ela estava de saia
ou vestido e blusa combinados, sapato de salto e bolsa. O fato é que a roupa não
era apropriada para andar na garupa de uma motocicleta. A tal saia/vestido era
de um tecido leve, fino (não sou especialista), mas devia ser de uma espécie de
malha. Roupa caprichada, quase social. A moça devia ser uma supervisora,
encarregada de setor, talvez. Não tinha pinta de gerência. Não seria, também
uma enfermeira (aí sim! Fetiche clássico); as enfermeiras, mesmo à paisana,
sempre usam alguma peça branca: sapato, relógio...Sempre.
A posição do caroneiro na
motocicleta, como sabem, é de: pernas elevadas; +- 45° e, se for mulher, corpo
ligeiramente “arqueado” para frente. Além, é claro, de uma abertura lateral de,
no mínimo, 30° para “encaixar-se no piloto da moto -(Matemática numa hora
destas?!!). Neste caso, pela inadequação da roupa, esta posição deixava à
mostra uma generosa porção da coxa da mulher. Digo de propósito; coxa e não perna.
São coisas absolutamente diferentes. A palavra “coxa” por si só já gera uma
expectativa, não é verdade? Para quem não ligou o” nome a pessoa”, aí vai uma
caracterização livre mas com detalhes:
coxa é a parte que segue imediatamente acima do joelho até osso da
bacia, pela frente; a dobra da virilha, por dentro; o osso do quadril por fora:
e a dobra da nádega, por trás. Nossa! Descrição anatômica, quase científica
para fugir da vulgaridade. Não sei se consegui.
A porção de coxa à mostra, não
era nenhum escândalo...Ainda. Tratava-se de “um palmo”(grande!)", ou nove dedos e meio, acima do joelho: nada de
mais. A posição é que deixa a situação digamos...interessante. Via-se que a
moça “não era do lugar”; pela roupa e pela própria posição. As caroneiras
profissionais sabem exatamente o que estão causando quando estão ali:
empinam-se exageradamente, em regra não usam saias, é verdade. Mas abusam de
calças com cintura baixa. Deixam à vista, estrategicamente, parte da “roupa
íntima” ou, até mesmo, o “cofrinho”! E, cá entre nós; às vezes é um “Banco
Central ou Casa da Moeda”! ”Sorry”. Não resisti. O fato é que a moça não era
dali. Calculo até que não era “nada” do condutor. Talvez ou a conhecida, uma
vizinha atrasada que aceitara uma carona.
Mas a dita saia
começava, lentamente, a subir mais! (em direção aos limites superiores
anteriormente descritos). A menina era forte: não puxava ou arrumava a roupa.
Talvez fosse medo de soltar-se. (Alías,
que coisa irritante mulheres que usam roupa curta e ficam o tempo todo “se
puxando”! Então não usem, pô!) Eu pilotava imediatamente atrás do casal ou, às
vezes, ao lado. Observava discretamente, é claro. A cena não passava
despercebida a ninguém: motoristas, outros motoqueiros. Acho até que,
ocasionalmente, disputavam uma posição melhor no trânsito para a visualização.
Será? Eu confesso que viajava mais devagar do que de costume. Mas o relógio,
cruel, impiedoso, me chamava à realidade. Ao ultrapassar fiz questão de não
olhar o rosto. Para não constranger e para não quebrar o encanto daquela “ tela
de Dali ”: caótica e bela. Como o trânsito.
by Nô Vidal